Esta história começa nos idos de 1998, quando adquiri minha primeira motocicleta, na época uma CBX 200, e sonhava em ter uma custom de alta cilindrada. Com muitas idas e vindas da vida, inclusive uma Sahara novinha furtada (na época todas as economias estavam naquela moto), no final de 2006, depois de muito tempo sem motocicleta, embarcamos em uma Falcon NX 400. Andamos com ela por 4 meses e descobrimos que conforto não era bem a palavra de ordem, e aquele sonho continuava na cabeça...
Então, estavamos conversando sobre o que fazer na Páscoa de 2007 (naquele mês as coisas no trabalho tinham sido boas...) e me caiu um pensamento diferente...: - Ir para Montevideo de moto, uma verdadeira viagem, seria a mais longa até então e iríamos solitários. Conversei com a Márcia e ela prontamente topou a ideia. Claro... o que não contei é que não iríamos de Falcon, mas com uma Shadow 750 (que não havia nem comprado sequer..).
Faltando alguns dias para o feriado, consegui fechar o negócio e dispor da moto nova na quarta-feira anterior à Páscoa. Claro, um dia antes de buscar a moto na loja, tomei uns vinhos em casa e obviamente estava explodindo de felicidade... é claro... acabei dando com a lingua nos dentes para mulher...vixi...achei que já não teria mais Páscoa! Acalmados os ânimos, aliás, eu estava muito calmo, foi só curtição.
Saímos na quinta-feira bem cedinho, a motoca com 30 km rodados e fomos "hasta" Montevideo.
Curtimos muito nossa primeira viagem à capital uruguaia. Infelizmente, no retorno, domingo de Páscoa, acabamos sofrendo um acidente na estrada do Taim, e ficamos sem condições de retornar andando com moto. Conseguimos tão somente chegar a Rio Grande e no dia seguinte voltamos de Carona no guincho com a motoca... Algumas lições são para aprender, e aprendemos felizmente somente com algumas escoriações, o orgulho ferido e uma despesa um pouco maior.
Depois de 14 mil km de Shadow, inclusive com uma viagem à Santiago do Chile, passamos para uma excelente VStrom, que foi nossa companheiro por mais 35 mil km e outra viagem ao Chile e Região dos Lagos.
Atualmente, a bordo de nossa nova GSA 1200, fomos para Ushuaia e vários destinos maravilhosos.
E voltamos à pergunta: - O que fazer na Páscoa deste ano? Bom...por que não irmos novamente à Montevideo? Afinal temos que tirar aquela sensação de frustração do retorno da Páscoa (aqueles misticismos que somente quem anda de moto tem...).
Assim, decidimos, meio "em cima do laço", de novamente passarmos a Pascoa em Montevideo. Saimos na quarta-feira cedo, em torno das 7:00 hs e viajamos tranquilamente. Bastante movimento no trecho até a cidade de Rio Grande, mas depois pouco movimento até nosso destino, 854 km adiante.
As estradas no Uruguai são ótimas, bem sinalizadas e em geral os motoristas são educados.
Ficamos hospedados em um hotel chamdado Lafayette, antigamente deveria ter sido um otimo hotel, mas atualmente está com aquele aspecto um pouco ultrapassado. Fica localizado na Ciudad Vieja, perto do Teatro.
Agendamos um almoço para quinta-feira na Bodega Bouza (
http://www.bouza.com.uy/), distante 13 km do centro. Um local belíssimo, muito agradável mesmo. Fazer o tour pela vinícola não nos interessava, mas queríamos experimentar o almoço e os vinhos. Pedimos um assado, com uma entrada de sopa de batatas e saladas. Pela sugestão do sommelier, fizemos a degustação dos vinhos premiun da casa, conjuntamente com o almoço. Experimentamos o Bouza Parcela B9 Merlot, Bouza Parcela A6 Tannat e o Montevideo (assemblage de Tannat/Merlot/Cabernet Franc). Para a entrada foi servido um Chardonay. Quantos aos vinhos, sinceramente já havia experimentado a linha intermediária da casa, os quais me agradaram mais, porque os premiuns permaneceram tempo demais em barricas de carvalho e tornaram-se demasiadamente estruturados, ressalva para o Merlot que estava mais aveludado. Talvez com alguma comida mais pesada com molho a harmonia estivesse mais correta. O branco estava delicioso, principalmente em um dia de temperaturas amenas.
O ponto alto foi a sobremesa, um espetacular Martin Fierro (romeu e julieta) ao forno, ao estilo sufle, com frutas vermelhas...verdadeiramente inesquecível (gracias Ana por la sugerencia!) acompanhada por um "regalo" servido pelo Gerente, uma taça de Albarino delicioso e muito delicado ao paladar. Deste vinho a casa tinha somente 30 garrafas para uso no restaurante, mas aceitaram me vender uma para levar...
No restante do dia caminhadas pela Rambla à beira do Rio e à noite uma pizza num Irish Pub!
Dia seguinte, sexta-feira santa... e nós estávamos no Mercado del Puerto pedindo Assados de Tiras! Além da maravilhosa carne servidas, dois destaques devem ser dados para o almoço servido no balcão: Primeiro as lascas de pernil de porco defumado, com pães quentes amanteigados... o Segundo, a panqueca de dulce de leche acompanhada por uma grapa, especiaria encontrada somente no El Palenque, cor bordô, parecendo um licor. Deliciosa... Claro, não preciso me referir à qualidade das carnes e demais coisas. Tudo regado ao Tannat da Bouza... Só de lembrar já fico desacorçoado...
Após dois dias duríssimos, decidimos colocar o pé na estradas e irmos para casa, saindo por volta das 7:00 hs da manhã de Montevidéo. Voltamos pelo Chuy, com a paradinha básica para compras de bagulhadas na fronteira... (somente mais algumas garrafas de vinho...) e, ao entardecer, chegávamos em casa, sãos e salvos relembrando a felicidade desta viagem, e o tempo decorrido (e os kms) nestes últimos 3 anos; sabendo que, diferentemente daquela viagem, nesta chegamos rodando com a motoca e não à bordo do guincho!
Em tempo, a Marcia estava experimentando suas novas calças Challange, da Revit, extremamente confortáveis e com corte bem feminino. Ficou muito contente e sentiu a enorme diferença na longa distância, em relação à conforto e flexibilidade. Um ponto a mais à Revit!
Enfim, em casa tomando sopinha e voltando àquela desagradável dieta de todos os dias...
É claro, mais 1700 km na conta!!!